domingo, 25 de abril de 2010

__SONHO__
O meu coração reclama debilitado no seu desespero,
Não há nada que o conforte e tranqüilize desse martírio,
Apenas na noite fria e sem luar é onde encontra aconchego.
O sopro frio da madrugada escura o leva para a eternidade.

Há somente as tristes lembranças dos tantos desencontros
E embates sem término, dos tantos momentos vividos.
Está vazio de tudo, existe somente por te lembrar, amor,
Quando na verdade esquecida nunca foste e nunca serás.

Clama tão agudamente forte na melancolia da sua dor
Que não me resta opção senão pegar no meu lápis
Trêmulo, vacilante a cada risco, tracejando palavras
Profundamente marcantes mostrando a ti minha agonia.

O ingênuo rabiscar de uma letra é escrever um livro inteiro
Na nossa alma, desde que a conheci cada momento
Foi traçado e delineado, hoje marcado pela saudade,
Com um vazio ocupado somente pela memória.

Tu desenhaste em mim a mais bela das perfeições,
Se é que neste mundo haja algo digno desse nome,
Além de ti, meu amor.

Cada risco do teu ser fez de mim maravilhosa
E colorida folha de fábulas imaginárias, enfeitada
E enfeitiçada pelo contorno mágico da escrita do teu lápis.

Entretanto, enquanto que com uma mão me preenchias
Da poesia emanada pelo contorno da tua doce letra,
Na outra detinhas já a indesejada borracha que usarias
Para apagar a tua passagem em meu íntimo.

Saibas meu amor, que no lugar de um lápis
Utilizaste tinta imutável?

Ainda guardo todas as palavras, o leve toque
Do teu traçado nas mais áureas e apreciadas
Páginas da minha existência.

Não, nunca renuncio delas, deixo-as sim soltas,
Saltando desprendidas por todas as partes de mim.
Vagueiam perdidas aqui dentro, não como
Memórias vagas, mas como belas e terríveis
Marcas bem presentes a cada suspiro que dou.

Sonho que percam todas as maquiavélicas borrachas
Das nossas vidas e que jamais alguém ouse escrever
Sobre o que um dia escrevi em ti, se é que ainda
Tenhas algum dos meus versos apaixonados.


Sonho que não leias nada senão a minha alma transparente
E desvairada e que me deixes ser inundado, para sempre, pela
Literatura mágica do teu coração.

Sonho que estas páginas que me surgem agora da alma ressoem
Como o triste canto de um urutau moribundo pelo seu sentimento.

Sonho…
Só, mas para sempre em ti. Á espera de ti, guardando os mais belos capítulos da minha vida para que um dia concluas a tua obra.

Só sonharei…
E sonharei só, porque tu não estarás aqui.

(Daez Savó)

Nenhum comentário:

Postar um comentário